segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Escatologia Cristã

Escatologia Cristã - última parte

A questão que está sempre presente na mente de todos os seres humanos é a questão relacionada com o futuro. "O passado a gente conta, o presente a gente curte, e o futuro a gente tenta avinhar"
Os cristãos creem na vida após a morte (imortalidade da alma), na segunda vinda de Cristo, na ressurreição dos mortos e no julgamento final. Mas o fato de creem nessas doutrinas não significa que todos os cristãos as aceitam do mesmo modo, em relação a forma como elas se cumprirão. Assim, ha uma variada divergência hermenêutica (interpretação), com pelo menos três escolas de interpretação: Amilenista, Pós-milenista e Pré-milenista.
Entre as maiores divisões que separam os cristãos (em especial protestantes e evangélicos) encontramos a divergência em relação ao milênio (Apocalipse 20).
Os pré-milenistas fazem uma distinção entre o julgamento dos crentes após o arrebatamento, o julgamento dos judeus e gentios convertidos no final da tribulação de sete anos e o julgamento dos incrédulos no final do milênio. O milênio será inaugurado e estabelecido com a Segunda Vinda de Cristo, após a tribulação e durará, literalmente, 1000 anos. Esta posição distingue completamente Israel e Igreja.
O pós-milenista, creem que a Segunda Vinda de Cristo ocorrerá após o milênio (não literal). Em geral, os pós-milenistas assumem a mesma postura amilenista com relação ao ensino da ressurreição, do julgamento final, da tribulação e da posição de Israel e Igreja.
Os amilenistas não fazem nenhuma distinção cronológica entre a segunda Vinda de Cristo, o arrebatamento da Igreja. Pa os amilenistas haverá apenas uma ressurreição geral, de credulos e incredulos, que ocorrerá durante a segunda Vinda de Cristo. O julgamento final será para todos os povos. O milênio (Apocalipse 20) não significa um milênio literal.
A posição escatológica mais fraca, em termos hermenêuticos, é a posição pré-milenista, devido à sua grade cronológica pré-estabelecida. Os pré-milenistas, em geral, começam com um quadro cronológico pré-estabelecido e passa a fazer uma colcha de retalhos das Escrituras, de acordo com o quadro já pré-desenhado por eles.

Por quê os evangélicos seguem o pré-milenismo?

Por uma simples razão, ignorância dos fatos históricos aliados a uma teimosia que os impede o conhecimento da verdade.
O pai da Reforma Protestante, Martinho Lutero (1517) acusava a igreja católica e o papado de ser a personificação do Anticristo. Até que o papa Paulo III, em 1545, convocou o Concílio de Trento.
Depois de 18 anos de debates, concluído finalmente em 1563, o concílio corrigiu alguns problemas, mas recusou0se reformar seus ensinamentos. A igreja reafirmou seus credos e tomaram a ofensiva, lançando o que ficou conhecido como contra Reforma.
Em 15 de agosto de 1534, Inácio de Loyola fundou a ordem católica secreta chamada Sociedade de Jesus (Jesuítas).

Representação do brasão dos Jesuítas
Os Jesuítas têm uma história escura de intrigas, sedição, perseguição e morte.
Os Jesuítas foram as estrela da Contra Reforma. No Concílio de Trento, os Jesuítas foram comissionados pelo papa para desenvolver uma interpretação nova das Escrituras que neutralizasse as aplicações protestantes do Anticristo. Francisco Ribera (1537-1591), um padre Jesuíta publica em 1590 um comentário contrário à interpretação da reforma Protestante relativo ao Anticristo. A tese de Ribera era projetar o Anticristo para um futuro distante da era Medieval.

Ribera então, foi o fundados do sistema escatológico "Pré-milenista".

Contra-capa do livro de Francisco Ribera
Segundo Ribera, tudo que segue o sexto selo de Apocalipse (cap.9) aplica-se ao breve período do Anticristo, e que o Anticristo só surgirá nos fins dos tempos.
Finalmente, Roma encontrou uma resposta para as acusações dos reformadores de que a igreja e o papa havia se tornado o Anticristo.
Os ensinamentos católicos sobre o Anticristo encontraram guarida no mundo evangélico. As igrejas evangélicas mudaram drasticamente suas crenças proféticas. Como isso aconteceu?
Tudo começou no século XIX, quando Edward Irving, tornou-se interessado na Segunda Vinda de Cristo. Infelizmente ele aceitou a escatologia futurista de Ribera.
Através de Irving, o anglicano John Nelson Darby adotou a escatologia de Ribera.
Após a morte de Darby, a escatologia futurista passou para Cyrus I. Scofileld, copilador das notas de estudo da referência biblica de Scofield.
Em 1970, o "best-seller" de Hall Lindsey, "A Agonia do Grande Planeta Terra" tem persuadido milhões de evangélicos a creem no ensinamento escatológico futurista (pré-milenismo) sobre o Anticristo. trata-se de um ensinamento divisionário da igreja católica romana incrivelmente aceito pelo mundo evangélico.


De cima para baixo, da esquerda para a direita: Edward Irving (1792-1834),  John  Nelson Darby (1800-1882),  Cyrus I. Scolfield (1843-1921) e Hal Lindsey - 1929





domingo, 25 de dezembro de 2011

Escatologia: Apocaliptica

Escatologia - Literatura Apocalíptica - terceira parte

Para entender o pensamento apocalítico temos que conhecer a história política do povo judeu. Tudo começa no ano de 586a.C. quando a Babilônia sob comando de Nabucodonosor, conquista Jerusalém. Este evento particular realmente é o que separa o período de liberdade do Antigo Israel e a identidade nacional do que se tornará o judaísmo.
A destruição de Jerusalém teve um efeito profundo no pensamento judeu. Em primeiro lugar, as promessas que tinha sido feitas a Davi tiveram que ser questionadas. Pelo que se diz "O trono de Davi duraria para sempre". Mas agora não havia mais trono. Assim o Exílio babilônico torna-se a base do desenvolvimento da teologia judia. Deus nos abandonou? É o deus babilônico mais poderoso que nosso Deus? E no processo desse pensamento, eles começaram a levar o trauma da destruição de Jerusalém e do Templo como uma reflexão teológica.


Muro das Lamentações em Jerusalém
Crônica Babilônicas de eventos do oitavo ano de Nabucodonosor

Como resultado deste trauma, a tradição judia teve que ser repensada.  sua história e parte dos textos bíblicos teve que ser reescritos. Na realidade muito das Escrituras hebraicas é produto do re-pensamento que aconteceu depois do Exílio babilônico.
O Império Babilônico que conquistou Israel, apesar da opulência, teve um reinado curto. Dentro de aproximadamente cinquenta anos depois da destruição de jerusalém, o Império Babilônico foi derrotado pelo Império Persa. É neste período, que a religião Persa (Zoroastrismo) impõe sua influência no pensamento judeu, conceitos como céu, inferno, anjos, demônios e imortalidade da alma que eram estranhos ao Antigo Israel, agora passa a fazer parte do judaísmo.
Depois de um século de guerra entre a Persa e Grécia, finalmente, Alexandre o Grande conquista o Oriente Médio.
Uma das políticas de Alexandre é, impor a cultura grega (helenismo) a estes povos.
Inicialmente, entre os judeus, há uma ênfase forte em manter a identidade judia. Mas está perspectiva mudará radicalmente no início do segundo século a.C., ao redor do ano 200 quando  os Ptolomeus que são os gregos do Egito que inicialmente tinha estado no controle de Jerusalém e Judeia passaram o domínio Grego na Síria aos Selêucidas. 


Representação das batalhas de Alexandre o Grande
Sobre os Selêucidas a experiência dos judeus é bem diferente. Em parte porque o programa de helenização dos Selêucidas é muito opressivo, e é menos tolerante com a religião judia.
E o resultado desta experiência é a revolta dos Macabeus, estes eventos estimularam um tipo de literatura que conhecemos como "Apocalíptica".

Apocalíptica

Dois livros mais populares da Bíblia são Daniel e Apocalipse. Ambos são cheios de ação, preocupados em especial com o futuro - isto é, o futuro do ponto de vista do autor ou de uma personagem do seu relato. Graças a esses elementos de futuridade, Daniel e o Apocalipse são muitas vezes considerados partes dos livros proféticos.
Ao contrário dos livros proféticos - menos Ezequiel -, dispõem as suas informações numa espécie de escala temporal - primeiro vai acontecer isto, depois aquilo -, servindo assim para fornecer um quadro cronológico. Mas, embora haja similaridade entre os profetas, de um lado, e Daniel e Apocalipse, de outro, são gêneros diferentes, porque estes últimos foram compostos para propósitos não-proféticos.


O conceito Messias no Judaísmo


Um conceito importante que precisamos fazer uma releitura é a questão Messiânica.
A palavra hebraica Mashiah significa "ungido"; o equivalente em grego é Christos, latinizado "Cristo". O título refere-se à cerimônia de coroação; o reis escolhido é ungido pelo derramamento de óleo sobre sua cabeça (I Sm 10.1), o que tem a implicação de ser o rei e seu reinado ter o apoio divino.
O pensamento messiânico no judaísmo é em grande parte produto dos séculos II e I a.C. No decorrer desse período, o conceito de messias foi trabalhado em termos de padrões escatológicos e recebeu um conteúdo muito especifico: ele deveria ser uma figura importante no cenário do fim da era. esse súbito aumento de evidência do pensamento messiânico não significa, no entanto, que grande número de judeus desses dois séculos tenha ficado sentado esperando a vinda do messias.


Representação do messias segundo o conceito antigo dos judeus
O ensinamento sobre o messias não fazia parte do culto na sinagoga e nem aparece na bíblia hebraica. Não devemos confundir uma esperança generalizada de alívio, nascida da perseguição, com uma doutrina desenvolvida. A esperança era disseminada; a doutrina, propriedade de seitas minoritárias e de escritores excêntricos.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Escatologia de Israel

Escatologia de Israel - segunda parte

Para compreender a escatologia da Bíblia hebraica (Antigo Testamento cristão) é necessário dividir a história de Israel em dois períodos. O primeiro período inicia-se com a formação das tribos e se estende até o Exílio Babilônico. O segundo período, do retorno do Exílio até os dias de hoje.

Representação do antigo Israel
Antes do período do Exílio o conceito hebreu e posteriormente Israel da vida após a morte tinha sido drasticamente diferente do que se tornou durante os períodos pós-exílio.
De acordo com o conceito mais antigo, não existe a ideia de céu, inferno, salvação, perdição e imortalidade da alma. As preocupações devem ser centradas unicamente nesta vida. 
Conceitos de isolamento monástico era algo estranho. Na pratica, o objetivo é viver a vida da melhor e mais juta possível. Foi só depois do retorno do Exílio influenciados pelo Zoroastrismo e o Helenismo que os judeus passaram a crer nos conceitos da imortalidade da alma e ressurreição dos mortos, como também no céu, inferno, anjos e demônios.

Religião Persa - O dualismo cosmológico e religioso
Representação do Helenismo Grego - A apoteose de Homero
Antes dos períodos Pérsico e Helênico o conceito da vida após a morte era uma experiência sombria e escura chamada sheol. Quando uma pessoa morria, era o fim.
Como foi que o pensamento hebreu e posteriormente israelita tornou-se a doutrina pagã? Quando o pensamento israelita foi transferido para o ambiente de pensamento grego.
De modo que o ensino da Bíblia hebraica foi descartado e substituído por uma doutrina pagã.
Uma das poucas ideias novas do período grego (helenismo), que sobreviveu para entrar na corrente principal do judaísmo foi a crença na imortalidade da alma.
Na concepção mais antiga, vista abundantemente na Escritura hebraica, cada individuo é um todo indivisível, um nephesh hayyah. Todo o destino dos seres humanos se cumpre aqui na terra, ao morrer, eles vão para o sombrio mundo inferior, o sheol (sepultura), onde ficam para sempre.
Essa concepção era mais ou menos dominante até o período intertestamentário.
A afirmação da imortalidade da alma no cânone judeu aparece mais tarde, em Daniel (Dn 12.2), escrito na Palestina perto do ano 164a.C.
Portanto, a crença de que o homem tem uma alma imortal que habita apenas temporariamente o seu corpo chegou ao judaísmo através da filosofia grega (Platão) e se reflete em vários escritos de influência helênica. Nessa concepção, o corpo é um mero vaso de argila, indigno de seu inquilino espiritual. Esse dualismo, estava com certeza ausente da crença dos antigos israelita.


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Escatologia



Escatologia: primeira parte

Escatologia pode ser definido como "tratado do fim" (Eschaton do grego, fim), doutrina relativo a vida depois da morte, julgamento e fim do mundo.
Evidências arqueológicas apontam a origem desta doutrina na pré-história, onde conceitos rudimentares do fim do mundo e de uma vida após a morte é típica entre os povos primitivos.
Este conceito aparece também, no desenvolvimento da religião, onde encontramos traços da esperança futura, isto é, da vida após a morte.

Tumba pré-histórica, Berda Pen, Irlanda, By: Tom Szutek
Os fenômenos da natureza sempre sugestionaram a possibilidade do fim do mundo. Terremotos, Vulcões, inundações, e ainda mais, guerras, terrorismo, crise econômica ou a esperança da libertação promove o material ou motivos escatológicos do fim do mundo.
A escatologia é uma doutrina dinâmica, e de acordo com as características do ambiente e dos povos as formas externas variam. Todas as antigas civilizações tiveram suas doutrinas escatológicas, egípcios, babilônios, persas, gregos, romanos, etc.
Conceitos de um espírito ou alma vivente, que habita o corpo morto e que precisa de alimentos, como bolos, assados, manjares e bebidas, são crenças típicas da escatologia primitiva.
No Antigo Egito, a crença de uma vida após a morte fazia parte do dia-a-dia do povo. De acordo com o Livro dos Mortos, a vida, é um "vaso de argila" onde abriga o Ka a alma imortal. Com a morte o cadáver passa por um processo de mumificação tornando-se uma "casa" que fornece abrigo e alimentação para o Ka. Com a morte o Ka é considerado livre para revisitas o "vaso terrestre", fazendo a viagem para lá e para cá ( esta convicção não tem nada a ver com reencarnação).

Livro dos Mortos, papiro egípcio
Sarcófago egípcio, British Museum, London, By Zé Carlos
O morto, normalmente um faraó, após o preparo do corpo (mumificação), é colocado em um sarcófago e sepultado em uma tumba (pirâmide), lá são colocados todos os seus pertences inclusive seus criados.
Trechos do Livro dos Mortos são escritos na parede da tumba e em rolos de papiros para lembrar o morto de suas obrigações, para viver a eternidade com Osíres, o deus-sol.

Pirâmides no Egito, símbolo da Escatologia egípcia
No Zoroastrismo, a religião Pérsia o conceito escatológico é o dualismo da divindade. O mundo físico e espiritual é o palco de um conflito eterno entre Ahura Mazda (Ormuzd), o bem, e Angra Mainyu (Ahriman), o mal, os co-criadores do universo e de o homem. 
O messianismo da religião Pérsia faz lembrar o do judaísmo e posteriormente o do cristianismo. Um tempo durante o qual Ahriman governara e será seguido por dois períodos milenários em que surgirá o juiz que ressuscitará os mortos. A ressurreição será seguida pelo julgamento e a separação do bem e do mal.
Na Grécia, o dualismo da religião Pérsia é bem parecida. Os gregos possuem duas maneiras de ver o mundo, o material e o espiritual. O homem tem um corpo sujeito a corrupção e a morte e uma alma imortal.
A filosofia pagã é a base da escatologia grega. Filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles são os representantes desta convicção. Platão, foi quem mais influenciou o judaísmo e o cristianismo da imortalidade da alma.





domingo, 30 de outubro de 2011

Manuscritos Bíblicos do Novo Testamento

Rastreando o DNA da Bíblia que você lê (última parte)



Você que lê a Bíblia todos os dias nem imagina a diversidade e complexidade dos textos que formam a base da Bíblia moderna.
Não temos os textos originais do Novo Testamento, o que temos são milhares de cópias e mais cópias e, não existe entre essas cópias duas iguais.
As primeiras cópias começaram  a circular sem nenhum critério e naquela época não havia um órgão oficial para reunir os textos, nem meios de avaliar os textos mais corretos, como faziam os escribas judeus.
Nunca saberemos, por exemplo, o conteúdo dos textos originais, depois de milhares de cópias e de traduções.
No início do IV século a diversidade dos textos já era enorme. Duas regiões jamais teriam dois textos semelhantes. Mas com o passar do tempo esses textos foram se reunindo em torno de centros mais importantes, formando assim famílias textuais.
Os importantes centros cristãos eram: Alexandria, Roma, Cesárea e Constantinopla e, suas versões eram respectivamente, textos alexandrino, ocidental, cearenses e bizantino.
Nenhuma dessas quatro versões textuais corresponde inteiramente ao original, e também que nenhum deles foi obtido a partir de um único manuscrito.
A partir do IV século, quando as condições de produção de de transmissão dos textos bíblicos melhoraram, houve, naturalmente, uma forte tendência à uniformização do texto. O texto que se impôs, foi o bizantino, aquele de Eusébio, lembra das 50 Bíblias de Constantino?
Vejamos agora algumas das traduções que geraram as Bíblias modernas.

Vulgata Latina

Jerônimo (340-420 d.C.) traduziu a Bíblia para o latim, a pedido do papa Dâmaso I, que foi usada pela igreja católica por muitos séculos.
A Vulgata é uma tradução feita em 382-383 d.C. a partir da Septuaginta e não do texto hebraico.
O nome vem da frase versio vulgata, isto é, versão dos vulgares, e foi escrito em latim cotidiano. Em outras palavras a Vulgata Latina é uma tradução de outra tradução.

Textus Receptus

Demetrius Erasmus de Rotterdam (1466-1536) padre católico agostiniano, nascido na Holanda. Foi quem editou e publicou o primeiro Novo Testamento grego.
A primeira edição foi dedicada ao papa Leão X. A segunda edição 91519) serviu de base para a tradução de Lutero. A quinta edição (1535) foi o texto básico para as traduções Protestante do Novo Testamento (KJV).
Erasmus em sua pressa de concluir o trabalho simplesmente lançou mão da Vulgata e de alguns textos medievais, gerando com essa atitude misturas textuais que hoje não encontramos em nenhum manuscrito grego antigo.

Tradução João Ferreira de Almeida

João Ferreira de Almeida era seminarista católico quando iniciou a tradução da Bíblia para o português. Nascido em 1628, e, Torres de Tavares, nas proximidades de Lisboa, Portugal.
Almeida, nunca teve em mãos textos nas línguas originais: hebraico, aramaico e grego.
Em 1753, foi publicado a primeira tradução de joão Ferreira de Almeida. Baseando sua tradução na Septuaginta para o Antigo Testamento e no chamado Textus Receptus para o Novo testamento.
Milhares de erros fora detectado nesta tradução. O próprio Almeida identificou mais de dois mil erros. Apesar dos erros evangélicos tem depurado a tradução tornando-a a preferida dos leitores de fala portuguesa.
Veja os absurdos. Hoje podemos ler nas Bíblias: Antigo e Novo Testamento. Tradução das Línguas Originais por João Ferreira de Almeida. Versão Revisada e Corrigida. Até hoje ainda não conseguiram revisar e corrigia a tradução de Almeida.


Bibliografia
  • Will Durant, A História da Civilização VI, A Reforma, Editora Record, Rio de Janeiro.
  • Bart D. Ehrman, The Orthodox Corruption of Scripture, Oxford University Press, 1993,  New York.
  • Bart D. Eheman, Misquoting Jesus: The Story Behind Who Changed the Bible and Why, Oxford University Press, 2005, New York.
  • Bart D. Ehrman, Lost Christianities, Oxford University Press, 2003, New York.
  • Richard E. Rubenstein, When Jesus Became God, A Harvest Book, 1999, London.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Manuscritos Bíblicos do Novo Testamento

A corrupta Septuaginta (quarta parte)

Escribas judeus
As Bíblias cristãs, como todos sabem, são divididas em duas partes o Antigo e o Novo Testamento.
O que a grande maioria de cristãos não sabe é que existe dois Antigo Testamento. A Bíblia hebraica e a tradução grega, a Septuaginta.
Os judeus têm um e os cristãos outro. Eles não são os mesmos. O Antigo Testamento judeu é chamado Bíblia hebraica ou texto Massorético, o cristão tem o Antigo Testamento que são versões da tradução grega Septuaginta. Os tradutores da Bíblia hebraica alteraram, corromperam e escreveram conceitos pagãos na forma de profecias que dão autoridade aos escritos e adaptaram as escrituras de acordo com os interesses da nova religião.

Septuaginta ou LXX é o nome da versão das Escrituras hebraica para o grego Koiné. A tradução da Septuaginta está envolta em lendas descrita na famosa Carta de Aristeas.
O escritor desta carta, Aristeas, reivindica ter sido um oficial da corte grega durante a época do reino de Filadelfo. Reivindica, ainda, ter sido enviado por Demétrio para convocar 70 dos melhores eruditos das doze tribos de Israel para produzirem a tradução da Septuaginta.
A Carta de Aristeas é uma fraude, e não há nenhuma evidência histórica de que um grupo de estudiosos judeus traduziu as Escrituras hebraicas para o grego entre 250 e 150 A.C.
É interessante notar, que as dez tribos do norte estavam (como ainda estão) perdidas. E que a custódia das Escrituras hebraicas coube somente à tribo de Levi - não as outras tribos e, que os judeus ortodoxos jamais iriam permitir a tradução das Escrituras Sagradas a uma linguagem pagão, gentílica.
Em seu livro Forever Settlend, Jack Moorman escreve: " Paul Kahle, um famoso estudioso do Antigo Testamento que realizou extensa pesquisa a respeito da Septuaginta, não acredita que houve uma real versão grega antiga, isto é, antes da era cristã."
Peter Rukman, no seu livro Christain's Handbook of Manuscript Evidence, escreve: " A mitológica Septuaginta é a mais persistente falsidade a seduzir o cristianismo ortodoxo... Jamais houve sobre este planeta uma única cópia de um Antigo Testamento grego, antes da escola de Alexandria fundada pelo corrupto Origenes, 100 anos depois do Novo Testamento." 
A única prova da origem da Septuaginta na era pré-cristã é a falsa Carta de Aristeas. Os manuscritos mais antigos que possuimos da Septuaginta está contido no Codex Vaticanus do século IV. Além disso, ele é o manuscrito corrupto nos quais as Bíblias cristãs de hoje são baseados.


domingo, 23 de outubro de 2011

Manuscritos Bíblicos do Novo Testamento

Niceia: a ditadura da ortodoxia (terceira parte)
Ícone do Concílio de Niceia
Trezentos anos depois do tempo de Jesus, havia muitas versões diferentes da história e dos ensinamentos de Jesus.
Os grupos maiores e mais influentes tentaram impor seus textos, o que os menores não aceitavam. Os debates eram acirrados e havia acusações mútuas de heresia entre eles.
A disputa continuou até o ano 325 d.C., quando o Imperador de Roma, Constantino I, resolveu por a casa em ordem, convocando o Concílio de Niceia. Este concílio reuniu representantes dos vários grupos diferentes do cristianismo.
Imperador Romano Constantino I
Cosntantino desejava um Império forte e unido. E para manter seu domínio sobre o povo e estabelecer uma ditadura religiosa, as autoridades eclesiásticas teria que promover obscurecimento e a ignorância do povo, já que o conhecimento era um obstáculo aos objetivos da nova religião.
Neste concílio, o líder de um dos grupos, Ário propôs que Jesus não era Deus, mas apenas um homem com relação especial com deus. Contestando a proposta de Ário, outro líder de um grupo mais influente, propôs que a questão de Ário fosse elevada a voto, do que resultou numa esmagadora maioria dos participantes afirmando que Jesus era divino.
Para apoias esta decisão, Niceia teve de estabelecer um cânone dos livros sagrados. Na reunião, então, foi escolhido 27 livros para narrar a história e os ensinamentos de Jesus. A razão para a escolhas desses livros foi simples: expressavam a visão dominante da igreja. E todos os demais livros foram considerados apócrifos, falsos e perigosos para o estabelecimento do novo livro.
Dezesseis anos depois do Concílio de Niceia, Constantino comissiona Eusébio de Cesareia a preparar 50 exemplares da Bíblia oficializada em Niceia, para uso das igreja.
Codex Vaticanus: II Tessalonicenses 3.11-18 & hebreus 1.1-2,2
T.C. Sket, um paleógrafo do museu britânico, defende a tese de que o Codex Vaticanus era uma das 50 Bíblias que o Imperador constantino I requisitou para que Eusébio de Cesaréia produzisse.
A Bíblia que temos hoje é o produto do Concílio de Niceia. 
Apesar dos esforços de Constantino e de seus colaboradores em destruir a literatura adversária, a cidade egípcia de Nag Hammadi em 1945 foi cenário da descoberta de mais de 54 textos cristãos antigos, a maior descoberta de documentos posteriores ao Novo Testamento - o trabalho continua até os dias atuais.


Manuscritos Bíblicos do Novo Testamento

A Bíblia que você lê (segunda parte)

Judeu típico da época de Jesus
A religião de Jesus é autenticamente judaica. E como judeu, Jesus e os seus primeiros seguidores tinham a Bíblia hebraica como sua escrita autorizada vinda de Deus.

Torá
Logo depois da primeira geração dos seguidores de Jesus, nos séculos II e III, havia grande diversidade teológica entre os cristãos primitivos. Cada grupo tinha suas escrituras que apoiavam suas crenças, todos reivindicando ser estes textos escritos pelos apóstolos de Jesus.
Estes períodos foram conturbado teologicamente, não havia acordo quanto a um cânon - nem acordo quanto a uma teologia. Em vez disso, havia uma intensa disputa entre os grupos.
O tema principal das disputas teológicas giravam em torno da natureza de Jesus. Ele era humano? Divino? Humano e divino? Se ele era humano e divino, era dois seres separados, um divino e um humano? Os textos, então, eram modificados e ajustados para apoiar a crença e a preocupação daqueles que escreviam era o de transmitir aquilo que eles acreditavam sobre Jesus.
Mas no fim, só um grupo venceu os debates. O grupo que se aliou ao Império Romano. O grupo que se auto denominou "ortodoxo". O grupo que iria determinar em que as gerações futuras de cristãos acreditariam e que leriam como escrituras sagradas.
Os vencedores não só escrevem a história, eles também reproduzem os textos.
Você não esperaria que os vencedores da luta (o catolicismo romano) reproduzisse a literatura dos oponentes. E realmente eles não fizeram, eles simplesmente os refutaram.

domingo, 21 de agosto de 2011

Manuscritos Bíblicos do Novo Testamento

Papyrus P66
A Bíblia que você lê (primeira parte)

Ao  desafiar a leitura fundamentalista da Bíblia, proponho mostrar a origem das Escrituras cristã e como ela chegou até nós.
Antes da descoberta da imprensa por Johannes Gutenberg, na Alemanha em 1439, a única maneira de se fazer um livro era fazê-lo á mão, letra a letra, uma palavra por vez. Era um processo lento, mas não havia outra alternativa. 
As cópias dos livros produzidos, diferiam entre si, porque os copistas que escreviam os textos inevitavelmente faziam alterações - mudando as palavras que copiavam, acidental ou por decisão consciente.
Vários tipos de alterações textuais eram feitas nos manuscritos pelos copistas que os copiavam. Consequentemente, uma vez que um texto era mudado pelo copista - acidental ou intencionalmente -, essas mudanças se tornam permanentes em seus manuscritos. A próxima cópia que era feita daquele manuscrito continha as mudanças do anterior e novos erros eram acrescentados. Então, por um processo bola de neve as mudanças textuais se avolumavam e a cópia final era completamente diferente do original.
Mudanças acidentais.
Pelo fato de os manuscritos gregos serem todos redigidos em escriptuo continua - sem pontuação, sem espaço entre as palavras e em letras unciais (maiúscula), o deslizamento acidentais da pena eram frequentes. O copista muitas vezes confundia e a alteração era inevitável.
Codex Vaticanus, escriptuo continua
Mudanças intencionais
As mudanças intencionais fazem parte destes manuscritos, porque foram produzidos por copistas influenciados pelas controvérsias teológicas, políticas e culturais de seu tempo.
De acordo com o exposto acima, dos 315 manuscritos gregos do Novo Testamento produzidos até o século III, não existe dois iguais e as diferenças são tantas que dá para escrever uma Bíblia completa só com essas diferenças.