domingo, 25 de dezembro de 2011

Escatologia: Apocaliptica

Escatologia - Literatura Apocalíptica - terceira parte

Para entender o pensamento apocalítico temos que conhecer a história política do povo judeu. Tudo começa no ano de 586a.C. quando a Babilônia sob comando de Nabucodonosor, conquista Jerusalém. Este evento particular realmente é o que separa o período de liberdade do Antigo Israel e a identidade nacional do que se tornará o judaísmo.
A destruição de Jerusalém teve um efeito profundo no pensamento judeu. Em primeiro lugar, as promessas que tinha sido feitas a Davi tiveram que ser questionadas. Pelo que se diz "O trono de Davi duraria para sempre". Mas agora não havia mais trono. Assim o Exílio babilônico torna-se a base do desenvolvimento da teologia judia. Deus nos abandonou? É o deus babilônico mais poderoso que nosso Deus? E no processo desse pensamento, eles começaram a levar o trauma da destruição de Jerusalém e do Templo como uma reflexão teológica.


Muro das Lamentações em Jerusalém
Crônica Babilônicas de eventos do oitavo ano de Nabucodonosor

Como resultado deste trauma, a tradição judia teve que ser repensada.  sua história e parte dos textos bíblicos teve que ser reescritos. Na realidade muito das Escrituras hebraicas é produto do re-pensamento que aconteceu depois do Exílio babilônico.
O Império Babilônico que conquistou Israel, apesar da opulência, teve um reinado curto. Dentro de aproximadamente cinquenta anos depois da destruição de jerusalém, o Império Babilônico foi derrotado pelo Império Persa. É neste período, que a religião Persa (Zoroastrismo) impõe sua influência no pensamento judeu, conceitos como céu, inferno, anjos, demônios e imortalidade da alma que eram estranhos ao Antigo Israel, agora passa a fazer parte do judaísmo.
Depois de um século de guerra entre a Persa e Grécia, finalmente, Alexandre o Grande conquista o Oriente Médio.
Uma das políticas de Alexandre é, impor a cultura grega (helenismo) a estes povos.
Inicialmente, entre os judeus, há uma ênfase forte em manter a identidade judia. Mas está perspectiva mudará radicalmente no início do segundo século a.C., ao redor do ano 200 quando  os Ptolomeus que são os gregos do Egito que inicialmente tinha estado no controle de Jerusalém e Judeia passaram o domínio Grego na Síria aos Selêucidas. 


Representação das batalhas de Alexandre o Grande
Sobre os Selêucidas a experiência dos judeus é bem diferente. Em parte porque o programa de helenização dos Selêucidas é muito opressivo, e é menos tolerante com a religião judia.
E o resultado desta experiência é a revolta dos Macabeus, estes eventos estimularam um tipo de literatura que conhecemos como "Apocalíptica".

Apocalíptica

Dois livros mais populares da Bíblia são Daniel e Apocalipse. Ambos são cheios de ação, preocupados em especial com o futuro - isto é, o futuro do ponto de vista do autor ou de uma personagem do seu relato. Graças a esses elementos de futuridade, Daniel e o Apocalipse são muitas vezes considerados partes dos livros proféticos.
Ao contrário dos livros proféticos - menos Ezequiel -, dispõem as suas informações numa espécie de escala temporal - primeiro vai acontecer isto, depois aquilo -, servindo assim para fornecer um quadro cronológico. Mas, embora haja similaridade entre os profetas, de um lado, e Daniel e Apocalipse, de outro, são gêneros diferentes, porque estes últimos foram compostos para propósitos não-proféticos.


O conceito Messias no Judaísmo


Um conceito importante que precisamos fazer uma releitura é a questão Messiânica.
A palavra hebraica Mashiah significa "ungido"; o equivalente em grego é Christos, latinizado "Cristo". O título refere-se à cerimônia de coroação; o reis escolhido é ungido pelo derramamento de óleo sobre sua cabeça (I Sm 10.1), o que tem a implicação de ser o rei e seu reinado ter o apoio divino.
O pensamento messiânico no judaísmo é em grande parte produto dos séculos II e I a.C. No decorrer desse período, o conceito de messias foi trabalhado em termos de padrões escatológicos e recebeu um conteúdo muito especifico: ele deveria ser uma figura importante no cenário do fim da era. esse súbito aumento de evidência do pensamento messiânico não significa, no entanto, que grande número de judeus desses dois séculos tenha ficado sentado esperando a vinda do messias.


Representação do messias segundo o conceito antigo dos judeus
O ensinamento sobre o messias não fazia parte do culto na sinagoga e nem aparece na bíblia hebraica. Não devemos confundir uma esperança generalizada de alívio, nascida da perseguição, com uma doutrina desenvolvida. A esperança era disseminada; a doutrina, propriedade de seitas minoritárias e de escritores excêntricos.

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