domingo, 30 de outubro de 2011

Manuscritos Bíblicos do Novo Testamento

Rastreando o DNA da Bíblia que você lê (última parte)



Você que lê a Bíblia todos os dias nem imagina a diversidade e complexidade dos textos que formam a base da Bíblia moderna.
Não temos os textos originais do Novo Testamento, o que temos são milhares de cópias e mais cópias e, não existe entre essas cópias duas iguais.
As primeiras cópias começaram  a circular sem nenhum critério e naquela época não havia um órgão oficial para reunir os textos, nem meios de avaliar os textos mais corretos, como faziam os escribas judeus.
Nunca saberemos, por exemplo, o conteúdo dos textos originais, depois de milhares de cópias e de traduções.
No início do IV século a diversidade dos textos já era enorme. Duas regiões jamais teriam dois textos semelhantes. Mas com o passar do tempo esses textos foram se reunindo em torno de centros mais importantes, formando assim famílias textuais.
Os importantes centros cristãos eram: Alexandria, Roma, Cesárea e Constantinopla e, suas versões eram respectivamente, textos alexandrino, ocidental, cearenses e bizantino.
Nenhuma dessas quatro versões textuais corresponde inteiramente ao original, e também que nenhum deles foi obtido a partir de um único manuscrito.
A partir do IV século, quando as condições de produção de de transmissão dos textos bíblicos melhoraram, houve, naturalmente, uma forte tendência à uniformização do texto. O texto que se impôs, foi o bizantino, aquele de Eusébio, lembra das 50 Bíblias de Constantino?
Vejamos agora algumas das traduções que geraram as Bíblias modernas.

Vulgata Latina

Jerônimo (340-420 d.C.) traduziu a Bíblia para o latim, a pedido do papa Dâmaso I, que foi usada pela igreja católica por muitos séculos.
A Vulgata é uma tradução feita em 382-383 d.C. a partir da Septuaginta e não do texto hebraico.
O nome vem da frase versio vulgata, isto é, versão dos vulgares, e foi escrito em latim cotidiano. Em outras palavras a Vulgata Latina é uma tradução de outra tradução.

Textus Receptus

Demetrius Erasmus de Rotterdam (1466-1536) padre católico agostiniano, nascido na Holanda. Foi quem editou e publicou o primeiro Novo Testamento grego.
A primeira edição foi dedicada ao papa Leão X. A segunda edição 91519) serviu de base para a tradução de Lutero. A quinta edição (1535) foi o texto básico para as traduções Protestante do Novo Testamento (KJV).
Erasmus em sua pressa de concluir o trabalho simplesmente lançou mão da Vulgata e de alguns textos medievais, gerando com essa atitude misturas textuais que hoje não encontramos em nenhum manuscrito grego antigo.

Tradução João Ferreira de Almeida

João Ferreira de Almeida era seminarista católico quando iniciou a tradução da Bíblia para o português. Nascido em 1628, e, Torres de Tavares, nas proximidades de Lisboa, Portugal.
Almeida, nunca teve em mãos textos nas línguas originais: hebraico, aramaico e grego.
Em 1753, foi publicado a primeira tradução de joão Ferreira de Almeida. Baseando sua tradução na Septuaginta para o Antigo Testamento e no chamado Textus Receptus para o Novo testamento.
Milhares de erros fora detectado nesta tradução. O próprio Almeida identificou mais de dois mil erros. Apesar dos erros evangélicos tem depurado a tradução tornando-a a preferida dos leitores de fala portuguesa.
Veja os absurdos. Hoje podemos ler nas Bíblias: Antigo e Novo Testamento. Tradução das Línguas Originais por João Ferreira de Almeida. Versão Revisada e Corrigida. Até hoje ainda não conseguiram revisar e corrigia a tradução de Almeida.


Bibliografia
  • Will Durant, A História da Civilização VI, A Reforma, Editora Record, Rio de Janeiro.
  • Bart D. Ehrman, The Orthodox Corruption of Scripture, Oxford University Press, 1993,  New York.
  • Bart D. Eheman, Misquoting Jesus: The Story Behind Who Changed the Bible and Why, Oxford University Press, 2005, New York.
  • Bart D. Ehrman, Lost Christianities, Oxford University Press, 2003, New York.
  • Richard E. Rubenstein, When Jesus Became God, A Harvest Book, 1999, London.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Manuscritos Bíblicos do Novo Testamento

A corrupta Septuaginta (quarta parte)

Escribas judeus
As Bíblias cristãs, como todos sabem, são divididas em duas partes o Antigo e o Novo Testamento.
O que a grande maioria de cristãos não sabe é que existe dois Antigo Testamento. A Bíblia hebraica e a tradução grega, a Septuaginta.
Os judeus têm um e os cristãos outro. Eles não são os mesmos. O Antigo Testamento judeu é chamado Bíblia hebraica ou texto Massorético, o cristão tem o Antigo Testamento que são versões da tradução grega Septuaginta. Os tradutores da Bíblia hebraica alteraram, corromperam e escreveram conceitos pagãos na forma de profecias que dão autoridade aos escritos e adaptaram as escrituras de acordo com os interesses da nova religião.

Septuaginta ou LXX é o nome da versão das Escrituras hebraica para o grego Koiné. A tradução da Septuaginta está envolta em lendas descrita na famosa Carta de Aristeas.
O escritor desta carta, Aristeas, reivindica ter sido um oficial da corte grega durante a época do reino de Filadelfo. Reivindica, ainda, ter sido enviado por Demétrio para convocar 70 dos melhores eruditos das doze tribos de Israel para produzirem a tradução da Septuaginta.
A Carta de Aristeas é uma fraude, e não há nenhuma evidência histórica de que um grupo de estudiosos judeus traduziu as Escrituras hebraicas para o grego entre 250 e 150 A.C.
É interessante notar, que as dez tribos do norte estavam (como ainda estão) perdidas. E que a custódia das Escrituras hebraicas coube somente à tribo de Levi - não as outras tribos e, que os judeus ortodoxos jamais iriam permitir a tradução das Escrituras Sagradas a uma linguagem pagão, gentílica.
Em seu livro Forever Settlend, Jack Moorman escreve: " Paul Kahle, um famoso estudioso do Antigo Testamento que realizou extensa pesquisa a respeito da Septuaginta, não acredita que houve uma real versão grega antiga, isto é, antes da era cristã."
Peter Rukman, no seu livro Christain's Handbook of Manuscript Evidence, escreve: " A mitológica Septuaginta é a mais persistente falsidade a seduzir o cristianismo ortodoxo... Jamais houve sobre este planeta uma única cópia de um Antigo Testamento grego, antes da escola de Alexandria fundada pelo corrupto Origenes, 100 anos depois do Novo Testamento." 
A única prova da origem da Septuaginta na era pré-cristã é a falsa Carta de Aristeas. Os manuscritos mais antigos que possuimos da Septuaginta está contido no Codex Vaticanus do século IV. Além disso, ele é o manuscrito corrupto nos quais as Bíblias cristãs de hoje são baseados.


domingo, 23 de outubro de 2011

Manuscritos Bíblicos do Novo Testamento

Niceia: a ditadura da ortodoxia (terceira parte)
Ícone do Concílio de Niceia
Trezentos anos depois do tempo de Jesus, havia muitas versões diferentes da história e dos ensinamentos de Jesus.
Os grupos maiores e mais influentes tentaram impor seus textos, o que os menores não aceitavam. Os debates eram acirrados e havia acusações mútuas de heresia entre eles.
A disputa continuou até o ano 325 d.C., quando o Imperador de Roma, Constantino I, resolveu por a casa em ordem, convocando o Concílio de Niceia. Este concílio reuniu representantes dos vários grupos diferentes do cristianismo.
Imperador Romano Constantino I
Cosntantino desejava um Império forte e unido. E para manter seu domínio sobre o povo e estabelecer uma ditadura religiosa, as autoridades eclesiásticas teria que promover obscurecimento e a ignorância do povo, já que o conhecimento era um obstáculo aos objetivos da nova religião.
Neste concílio, o líder de um dos grupos, Ário propôs que Jesus não era Deus, mas apenas um homem com relação especial com deus. Contestando a proposta de Ário, outro líder de um grupo mais influente, propôs que a questão de Ário fosse elevada a voto, do que resultou numa esmagadora maioria dos participantes afirmando que Jesus era divino.
Para apoias esta decisão, Niceia teve de estabelecer um cânone dos livros sagrados. Na reunião, então, foi escolhido 27 livros para narrar a história e os ensinamentos de Jesus. A razão para a escolhas desses livros foi simples: expressavam a visão dominante da igreja. E todos os demais livros foram considerados apócrifos, falsos e perigosos para o estabelecimento do novo livro.
Dezesseis anos depois do Concílio de Niceia, Constantino comissiona Eusébio de Cesareia a preparar 50 exemplares da Bíblia oficializada em Niceia, para uso das igreja.
Codex Vaticanus: II Tessalonicenses 3.11-18 & hebreus 1.1-2,2
T.C. Sket, um paleógrafo do museu britânico, defende a tese de que o Codex Vaticanus era uma das 50 Bíblias que o Imperador constantino I requisitou para que Eusébio de Cesaréia produzisse.
A Bíblia que temos hoje é o produto do Concílio de Niceia. 
Apesar dos esforços de Constantino e de seus colaboradores em destruir a literatura adversária, a cidade egípcia de Nag Hammadi em 1945 foi cenário da descoberta de mais de 54 textos cristãos antigos, a maior descoberta de documentos posteriores ao Novo Testamento - o trabalho continua até os dias atuais.


Manuscritos Bíblicos do Novo Testamento

A Bíblia que você lê (segunda parte)

Judeu típico da época de Jesus
A religião de Jesus é autenticamente judaica. E como judeu, Jesus e os seus primeiros seguidores tinham a Bíblia hebraica como sua escrita autorizada vinda de Deus.

Torá
Logo depois da primeira geração dos seguidores de Jesus, nos séculos II e III, havia grande diversidade teológica entre os cristãos primitivos. Cada grupo tinha suas escrituras que apoiavam suas crenças, todos reivindicando ser estes textos escritos pelos apóstolos de Jesus.
Estes períodos foram conturbado teologicamente, não havia acordo quanto a um cânon - nem acordo quanto a uma teologia. Em vez disso, havia uma intensa disputa entre os grupos.
O tema principal das disputas teológicas giravam em torno da natureza de Jesus. Ele era humano? Divino? Humano e divino? Se ele era humano e divino, era dois seres separados, um divino e um humano? Os textos, então, eram modificados e ajustados para apoiar a crença e a preocupação daqueles que escreviam era o de transmitir aquilo que eles acreditavam sobre Jesus.
Mas no fim, só um grupo venceu os debates. O grupo que se aliou ao Império Romano. O grupo que se auto denominou "ortodoxo". O grupo que iria determinar em que as gerações futuras de cristãos acreditariam e que leriam como escrituras sagradas.
Os vencedores não só escrevem a história, eles também reproduzem os textos.
Você não esperaria que os vencedores da luta (o catolicismo romano) reproduzisse a literatura dos oponentes. E realmente eles não fizeram, eles simplesmente os refutaram.